quinta-feira, abril 27, 2006

Um DVD catolaico...

Em setembro de 2003, cumpria eu meio século de vida.
Para festejar a data, planejei cinco dias de festa revisitando lugares e hábitos dos tempos anteriores a esse aniversário. Quem viveu esse acontecimento comigo ainda deve se lembrar dos encontros e jogos com que nos divertimos nessa época.
Houve, entretanto, um acontecimento inesperado: por aqueles dias Chico César, num histórico show na chopperia do SESC Pompéia, terminou sua apresentação oferecendo a uma amiga aniversariante a canção Pedra de responsa. Bem, a amiga aniversariante, era eu...
Digo que o show foi histórico porque ali aconteceram mais coisas além da tal oferenda musical. Foi ali que Drika - que dois anos depois veio a ser minha amiga - entregou a Chico uma das últimas fotos de Itamar Assumpção, recém falecido. Emocionado, Chico cantou de improviso a canção Dor elegante, parceria do Nego Dito com Paulo Leminski. Foi um momento mágico, devidamente fotografado por Ana Maria, que também é a autora da foto anterior...


O show tinha também um obejtivo maior: estavam sendo gravadas ali imagens para o primeiro DVD de Chico.
E desse momento em diante o tal DVD passou a ser aguardado por todos os fãs do catolaico, principalmente por Drika e por mim, que esperávamos ver gravados para a posteridade esses nossos “sucessos”.
Mas o DVD não veio...
Algumas notícias extra-oficiais davam conta de que o projeto DVD estaria sendo reformulado, outras imagens estariam sendo recolhidas, providências burocráticas estariam sendo tomadas e o resultado de tudo isso seria um trabalho de formato diferente, inovador. Mais uma vez, o DVD não veio...
No último fim de semana, entretanto, o sonho de quase três anos começou a tomar forma de realidade. Está próximo o momento esperado por todos os fãs de Chico César.
O projeto é novo, calcado sobre o último disco de Chico: De uns tempos pra cá.
Foram três shows, um diferente do outro, mas todos uma lindeza!!!
Aconteceram no Auditório Ibirapuera, novinho em folha. Som ótimo, confortável. No fundo do palco, há uma porta que, quando suspensa, deixa ver as árvores do parque. Chico inicia o show sentado num banco de jardim com o parque às suas costas... Lindo!
Ao final do espetáculo, a porta se abre novamente, e o show termina com todos descontraidamente sentados nesse mesmo banco, brindando com uma taça de prosecco.
Antes do show, nas rampas niermayerianas que dão acesso ao Auditório, um brinde para os que esperavam o momento de entrar, uma performance extra: Chico aparece vestido de anjo estilizado e canta Béradêro à capela, diante de nossos olhos extasiados.
No primeiro dia, fomos pegas de surpresa. Mas nos outros já ficamos posicionadas esperando o espetáculo especial para os adiantadinhos de plantão.
A surpresa também ficou por conta da abertura da tal porta no fundo do palco: de tão emocionada, não conseguia entender o que estava acontecendo. Demorei pra perceber que se tratava das árvores do Parque do Ibirapuera e não de um cenário apenas.
Para um público diferente daquele que sempre o acompanha, Chico, acompanhado de Simone Julian, Simone Soul e do maravilhoso Quinteto da Paraíba mostraram músicas do novo CD e outros sucessos. Não faltou nem Mama África... Claro!
O repertório, essencialmente catolaico, incluiu desde Cálice - introduzida pela piedosa ladainha Kyrie Eleison - até a irreverente Feriado, onde Chico adverte “mas se eu souber que uma vadia ou um viado dormiu com você, não quero saber você vai desejar não ter acordado”.
O cenário, uma evolução de outro, já mostrado em shows anteriores, trazia fotos e textos em forma de móbile. Uma das peças, que me pareceu a mais curiosa, foi uma cópia da Carteira de Trabalho de Chico. Vejam:
Enquanto o dia 21 se configurou como um grande ensaio aberto, o dia 22 foi tenso: era o dia da gravação. Havia duas convidadas especiais: Vange Milliet e Elba Ramalho.
Tudo tinha que sair certo!
Resultado final: havia que repetir umas tantas músicas. Todo o público se foi...
No auditório, além da equipe, estávamos o que Fernanda, bem humorada, chamou de PPSP - Platéia Profissional de São Paulo, formada apenas pelos representantes que aparecem nas fotos abaixo e mais um casal de fãs de Elba Ramalho.
Quando Swamy Junior nos liberou - artistas, equipe e PPSP - já passava, e muito, de meia noite.
Nessa noite, ao terminar o tempo regulamentar do show, depois do brinde coletivo no banco ao fundo do palco, Chico desceu para o parque e saiu correndo pelo gramado. Parou num banco de cimento para uma pequena performance e sumiu atrás de uma enorme árvore. Conseguem imaginar?
A PPSP, acrescida de mais uma representante - Carol Serra Azul - voltou ao Auditório no dia seguinte para a última apresentação. Descontraídos, nessa noite, Chico e seus companheiros nos encantaram mais uma vez com sua arte.
E para mostrar que nem sempre a curiosidade deve ser considerada como um “pecadinho”, conto aqui um fato ocorrido antes dessa última apresentação:
Ana e eu chegamos um pouco mais cedo nesse domingo e, por minha sugestão, fruto da minha curiosidade, fomos vistoriar pela parte externa o fundo do auditório. A idéia era ver como era a continuação do palco atrás daquela porta mágica por onde Chico havia entrado e saído de cena nos dias anteriores. Quando chegamos ali tivemos mais uma surpresa: Chico e os músicos, todos devidamente paramentados, estavam posando para fotos! Nem preciso dizer que as lentes fotográficas de Ana Maria se “assanharam” e surgiram assim algumas fotos paralelas às de Marcos Hermes, o fotógrafo oficial.
Sei muito bem que essas fotos são confidenciais, mas não resisto à tentação de postar aqui a minha preferida. Acho que Chico me perdoará essa transgressão.

domingo, abril 23, 2006

Tudo o que é bom dura pouco...

Como não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, a viagem chegou ao fim.
Mérida e Cáceres não estavam no roteiro original nem como possibilidade remota. Aconteceram...
De Algeciras pretendíamos ir a Cádiz, mas nos deparamos com hotéis cheios e preços altos, então decidimos abandonar a idéia. Fechamos a conta no hotel de Algeciras, deixamos as malas no depósito e saímos em busca de um cybercafé onde pudéssemos pesquisar e decidir nosso destino.
No caminho, uma idéia: Mérida.
Eram 13h35 quando descobrimos que o ônibus para Mérida saía às 14h20.
Munidas de nossos intercomunicadores, nos separamos: Ana caminhou até a rodoviária para comprar as passagens, enquanto eu fui de taxi até o hotel pegar as mochilas. Nos reencontramos na rodoviária, justo a tempo de comprar sanduíches para a viagem e embarcar num ônibus que percorria o território espanhol de norte a sul.
Depois de 7 horas e mais ou menos 400 km, entre moinhos de vento e ninhos de cegonha, com direito a belas paisagens e lindo pôr-de-sol, chegamos a Mérida.
E foi assim que dissemos adeus à cálida temperatura do sul, trocando-a pelo frio de Mérida - Augusta Emérita - fundada por Augusto no ano 25 AC, às margens do Rio Guadiana.
O dia seguinte amanheceu frio e chuvoso. Isso não nos deteve. Saímos pela cidade em busca de um café. Eram 9h30. Tudo fechado. Por fim encontramos El horno de Santa Eulália. Acreditam que a santa padroeira da cidade foi torturada e queimada em um forno e até hoje carrega o seu forninho?
Passamos o domingo visitando ruínas:
  • as do subsolo da basílica de Santa Eulália;
  • as do anfiteatro e teatro romanos do ano 8 AC;
  • as do Fórum de Trajano;
  • as do Templo de Diana com uma residência renascentista encravada entre suas colunas;
  • as escavações de casas construídas no início da era cristã.
Fizemos também uma visitinha à estátua da loba que alimentou Remo e Rômulo, presente da cidade de Roma àcidade de Mérida, que desde 1997 contempla as águas do Guadiana.
Espertinhas, tínhamos visto no dia anterior que havia um ônibus para Cáceres - nosso próximo destino - às 19h10. Decidimos chegar cedo à rodoviária, para comprar a passagem com calma, recolher as malas que havíamos deixado no guarda-volumes no dia anterior, etc. Por volta das 17h começamos a cruzar a gelada e moderna ponte Lusitânia que nos levaria à rodoviária. Aproveitamos o momento para fotografar a ponte romana, antiga, que está mais adiante.
Chegamos à rodoviária às 17h40. O ônibus para Cáceres partia às 17h50. Novo corre-corre. Resgatamos as malas justo a tempo de jogá-las sobre todas as outras que já se encontravam no bagageiro do ônibus.
Sentadas nas duas últimas poltronas de um ônibus de 67 lugares completamente cheio de jovens estudantes, partimos rumo a Cáceres. Quase uma hora de viagem. Nos hopedamos em plena Plaza Mayor da cidade.
Num dia de extrema calma e muito frio, percorremos de norte a sul e de leste a oeste toda a parte monumental de Cáceres. Tudo o que podia ser visto numa 2a. feira, dia em que havia muita coisa fechada por lá, foi visto. Nada escapou aos nossos olhos ou às nossas lentes, nem mesmo as cegonhas em seus ninhos ou as estátuas espalhadas pelas igrejas e pelas ruas...
E ainda houve tempo para uma sessão de comprinhas básicas no comércio cacereño.
Depois do almoço, partimos para a rodoviária. Dessa vez a surpresa ficou por conta das passagens: compramos as últimas duas, que ficavam sujeitas a cancelamento em caso de over-booking (!). Deu certo. Conseguimos embarcar no ônibus das 15h30 sem atropelos nem surpresas. A viagem foi tranqüila e agradável.
No início da noite, chegamos gloriosas à última cidade de nosso itinerário: Madri.
A capital espanhola é ponto obrigatório em todas as nossas viagens à Espanha, por isso já foi exaustivamente fotografada em outras oportunidades. Dessa vez nos dedicamos às azulejadas placas de rua e aos portais de alguns edifícios. Também não deixamos de fotografar a homenagem ao quarto centenário de Quixote.

E assim, no dia 25 de fevereiro, ainda nas asas da Varig, voltamos para casa felizes.

segunda-feira, abril 10, 2006

Instituto Cultural Casa do Béradêro

Pra quem não sabe...
"O cantor Chico César criou oficialmente no dia 16 de abril de 2001 o Instituto Cultural Casa do Béradêro, em sua cidade, Catolé do Rocha, sertão da Paraíba.
A idéia surgiu há uns três anos, inspirada nos meninos de São Caetano, de Pernambuco, um trabalho muito bonito com as crianças carentes da região, que hoje já gravaram um cd.
Chico conversou com pessoas ligados à Ongs, ao terceiro setor, e foi criando coragem para amadurecer e ampliar esta idéia que começou com a música e se ampliou para a cultura, a saúde e a auto-estima de crianças e adolescentes do sertão da sua Paraíba.
Uma grande colaboradora, desde o começo, foi Cenise Monte Vicente, antes coordenadora executiva no Instituto Ayrton Senna e atualmente na Oficina de Idéias. Outro parceiro mais recente é a Universidade Federal da Paraíba que assinou, no dia 01 de fevereiro de 2001, uma carta de intenções, demonstrando
interesse em participar do projeto.
É apenas o começo.
O Instituto recebeu, em comodato do dr. Antonio Benjamin, médico de Catolé, um prédio para sua sede. Agora é preciso reformá-lo e adaptá-lo para receber as crianças e jovens.
A semente também já existe: é o trabalho de irmã Iracy (ver foto), a primeira professora de música de Chico César, que hoje trabalha com 70 crianças e que serão as primeiras parceiras nesta jornada.
Faz parte da diretoria, entre outros, e foi um grande incentivador da idéia, o jurista Antonio Hermann Benjamin, nascido em Catolé do Rocha e hoje trabalhando em São Paulo
."
(Transcrito do site de Chico César)
O Instituto inaugura sua nova sede no dia 16 de abril, em Catolé do Rocha, Paraíba.
Pois ontem foi o dia de nós, paulistas/paulistanos, conhecermos um pouquinho dos resultados dessa iniciativa. Foi no evento "Teia - a rede de cultura do Brasil": um encontro da Cultura, Cidadania, Educação e Economia Solidária, que reuniu representantes da cultura popular brasileira, produtores culturais e empreendedores da Economia Solidária.
Ali, a "Orquestra gente que encanta", formada por jovens que participam da programação de cursos do Instituto Casa do Béradêro, sob a batuta da irmã Iracy, encantou o público com um singela apresentação de alguns temas clássicos e outros da música nordestina.
Chico estava por lá. Chegou cumprimentando um a um os integrantes da pequena orquestra.
Em seguida, apresentou o trabalho e até tocou um pouquinho com eles na parte popular da apresentação.
Ana e eu estivemos por lá e registramos em pequenos clips alguns pedacinhos do que aconteceu.
Quem se interessar pode dar uma olhada lá no youtube:

sexta-feira, abril 07, 2006

Mais Chico César...

Desta vez foi no SESC São Caetano. O show começou às 8 em ponto. Chico estava animadíssimo. Na percussão estava Escurinho, que foi companheiro de Chico em Catolé, no Grupo Ferradura - quando os dois tinham 10 e 13 anos - e no Jaguaribe Carne, em João Pessoa. Chico cantou tudo o que tinha direito. Fez um monte de graça com a platéia cheia de velhinhas. Uma delas até o convidou pra ir pra casa dela... Cantou a música Feriado e deu muuuuito destaque para as palavras VADIA e VIADO. E as velhinhas se acabavam de rir...
Pulou, dançou, tocou com Escurinho e sem Escurinho. Estava impossível o garoto.
E reparem na novidade: o famoso violão "furado" de Chico, tinha um adorno: duas rosinhas...
No final, nem foi pro camarim. Ficou por ali, lavou o rosto no banheiro ao lado do pequeno palco e conversou com todo mundo. Esperamos até o fim da fila, pra ter direito a um beija-mão mais longo. Drika tinha notícia de uma apresentação dos alunos do Instituto Beradero - do qual Chico é presidente - num evento que está acontecendo no Ibirapuera. Ele confirmou. Os meninos já estão a caminho e ele voltará correndo dos dois shows que fará em Minas - hoje em Betim e amanhã em Viçosa - apresentará o grupo e cantará algo com eles, embora nunca tenham cantado juntos.
Acho que será uma apresentação histórica. Imperdível! Será no domingo às 5 da tarde. E ele insistiu para que fôssemos conhecer os meninos do Béradêro...