sábado, março 31, 2007

Pedrinha de Aruanda

Esse é o nome do filme que mostra um pouco da intimidade de Bethânia, quando completa 60 anos de vida.
As primeiras cenas são de um show em Salvador, na Concha Acústica, com direito a camarim e palco.
Depois, missa em Santo Amaro. Com carinha de menina, Bethânia acompanha as canções em latim, junto dos familiares e amigos.
Delicadas cenas familiares, íntimas, vão desfilando diante dos nossos olhos embevecidos. Dona Canô falando da filha. Os irmãos. Sobrinhos. Amigos.
Jaime Alem, sempre presente, acompanha as mostras musicais. Todos cantam.
Na Cachoeira da Vitória, Eu e água.
Na varanda de Dona Canô, Foguete.
Entre tantas outras, a que mais me emocionou foi Motriz.
De branco, sentada na estação de trem de sua cidade, Bethânia canta a linda canção, cuja letra faz referência à pequena Bethânia que, com sua mãe, viajava entre Santo Amaro da Purificação e Salvador na locomotiva MOTRIZ.
É bonito demais! Ninguém pode perder isso"
kkkkk
Pra saber
"O percurso entre Santo Amaro da Purificação e Salvador, hoje feito por automóvel em 45 minutos, era antigamente feito somente através de navio ou da maria-fumaça da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, e leveva horas para ser cumprido. Mais tarde, com a instalação da locomotiva movida a óleo diesel - chamada MOTRIZ -, o tempo necessário para correr-se esse percurso foi reduzido e possibilitou ida-e-volta num mesmo dia: o trem passou a sair de manhã cedinho e voltar no fim da tarde.
O nome da locomotiva estendeu-se aos vagões, acabando por se chamar toda a composição de "O (trem) MOTRIZ".
Maria Bethânia, na infância, era fascinada por esses vaivéns no MOTRIZ.
Usando a idéia de uma dessas viagens como espinha dorsal da canção, Caetano Veloso salpica reminiscências de cenas do cotidiano daqueles tempos: a casa, o estreito relacionamento mãe/filha, o mormaço do Recôncavo, etc. vão passando pela canção, como imagens na janela do trem. Todas as recordações vão-se entrelaçando com a lembrança da viagem em si.
Quando o MOTRIZ faz a parada na cidade de Candeias - a principal estação do trajeto, bem no meio do caminho (e no meio da canção), onde Bethânia saltava sempre para comprar guloseimas - há um salto também do sonho para a realidade. Há uma reflexão sobre sua própria vida (agora também no meio do caminho, como a estação de Candeias) mas a viagem prossegue: mãe e filha contemplam a igreja de N. S. da Penha, em Itapajipe, onde Maria Bethânia foi batizada.
É Salvador!
A movimentação oscilatória no tempo e no espaço sugerida por MOTRIZ é encontrada, de forma mais ampla, na idéia geral do disco."
(Texto copiado do disco Ciclo, de Maria Bethânia, 1983)

eee

Pra conhecer

MOTRIZ
(Caetano Veloso)
Embaixo a terra; em cima o macho céu
E, entre os dois, a idéia de um sinal
Traçado em luz.
Em tudo a voz de minha mãe...
E a minha voz na dela...
E a tarde dói...
Que tarde que atravessa o corredor!
Que paz!
Que luz que faz!
Que voz... que dor...
Que doce amargo cada vez que o vento traz
A nossa voz que chama,
Verde do canavial.
Canavial...
E nós, mãe:
Candeias – Motriz!
Aquilo que eu não fiz
E tanto quis
É tudo o que eu não sei,
Mas a voz diz
E que me faz,
E traz,
Capaz
De ser feliz
Pelo céu, pela terra
A tarde igual
Pelo sinal
Pelo sinal
Nós, mãe
E a Penha – Matriz!
Motriz...
Motriz...
jjj
Pra ouvir

quinta-feira, março 22, 2007

Coração louco de veludo verde

Coração louco de veludo verde... era assim que Renatinho se referia a si mesmo.
Figura ímpar. Durante seus quase 65 anos de vida alegrou corações de amigos e amores com suas mais de 10.000 cartas. Os envelopes, ele mesmo os confeccionava. Os textos: literatura... como dizia ele.
Dentre as quase 500 cartas que me couberam, transcrevo uma. Não é a primeira, nem a última. Nem a mais curta, nem a mais longa. Nem a que mais gosto, nem a que me fez chorar ou rir. É, apenas, a que escolhi hoje:

É bom projetar nos caminhos da volta os trajetos descontínuos de uma busca. E, de repente, na meio da estrada, olhar através da janela e surpreender a natureza na neblina dos morros. Podia ser simplesmente assim, mas é preciso também ensaiar a vida. Sentar na platéia vazia de um teatro e ver a magia do ator ser preparada para a celebração com o público. É um grande encontro este, da solidão com o silêncio da espera. (outubro/1990)

Em junho de 87, quando morreu Fred Astaire, 40 dias depois de Rita Hayworth, Renatinho escreveu para nosso amigo Claudio:

Ontem foi Rita,
Hoje, Fred Astaire,
Um dia também iremos para o mar
Sem destino,
Para onde o vento nos levar

2007, 20 de março, Renatinho foi para o mar. Que os bons ventos o levem!

segunda-feira, março 12, 2007

Mundo pequeno

Eu já havia ido a Porto de Galinhas, no litoral sul pernambucano, no início dos anos 90.
Havia poucos hotéis e a vila era insignificante. Mas a beleza das praias ficou gravada na minha memória, fazendo cócegas para que um dia eu voltasse ali.
No início de 2004, Ana e eu planejamos uma viagem pelo nordeste: começararíamos em Maceió e terminaríamos em Fernando de Noronha, com escalas em Porto de Galinhas, Recife, Cariri paraibano, João Pessoa, Catolé do Rocha, Natal...
As chuvas desse verão nos surpreenderam já em Maceió, fazendo com que modificássemos os planos. E Porto de Galinhas foi visitada rapidamente num dos dias em que estávamos em Recife.
Havia que voltar.
A oportunidade surgiu no final de 2005.
Decidimos ir a João Pessoa: Chico César cantaria na praia na virada do ano.
Saímos de Sampa logo depois do natal. Voamos diretamente para Recife. Alugamos um carro e tocamos para Porto de Galinhas, finalmente!
Lá, fizemos um passeio para a Praia dos Carneiros e Ilha de Santo Aleixo. Fomos de catamarã. Era o Cavalo Marinho. Saímos de Porto pela manhã e fomos de van até a Praia de Guadalupe. Ali embarcamos no Cavalo Marinho e saímos navegando. Foi um dia perfeito!
Seguimos viagem. Próximo destino João Pessoa. Ali, numa postagem rápida, listei os melhores momentos dos dias anteriores. Entre eles o passeio de catamarã. (último dia do ano)
Bem, se tudo tivesse saído como planejáramos naquele verão de 2004, hoje eu não estaria contando a história que vem a seguir, motivo do título desse post.
Lá vai!
Ano passado tive dois encontros rápidos com uma moça, amiga de um amigo. Mais tarde nos reencontramos no orkut e trocamos algumas mensagens e acabamos nos conhecendo um pouquinho mais. Conversa vai, conversa vem, ela visitou este blog e encontrou o post sobre o passeio de catamarã.
Acreditem: a moça - pisciana e tímida - é a dona do Catamarã Cavalo Marinho!
Êta mundo pequeno, sô!

quinta-feira, março 08, 2007

Charlotte

Foi em agosto de 2004 que Charlotte veio para o nosso convívio.
Numa pequena loja do centro de Luxemburgo, lá estava pedindo para ser "adotada"...
Quem atendeu ao seu pedido mudo foi Ana Maria.
Batizou-a como Charlotte Aparecida Batatinha.
O primeiro nome foi uma homenagem à grã-duquesa de Luxemburgo: Charlotte Aldegonde Élise Marie Wilhelmine.
O último, ao Batatinha da Turma do Manda-Chuva.
Aparecida... não me lembro por qual motivo foi adicionado ao registro de nascimento da nossa nova amiguinha. Talvez porque ela apareceu entre tantos outros ou como homenagem à padroeira do Brasil... Sei lá!
O fato é que daí por diante Charlotte passou a nos acompanhar naquela e em outras viagens.
No ano seguinte, logo em fevereiro, decidimos criar um perfil no orkut para Charlotte. A idéia nasceu com a intenção de ter uma possibilidade de interferir nas comunidades orkutianas sem nos identificar. Doce ilusão, em três tempos a imagem da Charlotte já estava associada às nossas.
E a danadinha foi fazendo amigos... Claudio Marchesoni, Alex, Marlise, Lourdes. Esses foram os primeiros de uma legião. Hoje tem 53 amigos no orkut e um caderno de recados com 880 mensagens. Pode?
E não há viagens que façamos sem levá-la conosco.
Rio de Janeiro, norte e nordeste brasileiros, Minas Gerais, Buenos Aires, Europa... até Marrocos! Charlotte conhece tudo.
E shows de música... não perde um! E fica de colo em colo recebendo mimos e mais mimos.
Aos poucos foi adquirindo personalidade própria. Age como uma criança mimada, porém simpática.
Em outubro de 2005, criei coragem e coloquei nossa amiguinha na bacia. Adiei ao máximo esse evento porque tinha minhas dúvidas quanto à integridade dela depois disso. Que nada! Charlotte tirou de letra! Saiu intacta da bacia amarela. E ainda posou para fotos que foram colocadas no seu álbum do orkut, naquela época, e exibidas a todos os seus tios, tias e amiguinhos. Reclamou muito desse banho, como boa gata que é, e até ficou gripada depois disso.
Em julho de 2006 teve sua primeira noite fora de casa. Ficou na casa da Tia Drika. Dormiu por lá e foi ao escritório no dia seguinte. Foi tanta farra que Charlotte passou a chamar Drika e Renato de padrinhos.
Depois disso, muitos amigos começaram a disputar o privilégio de ter Charlotte em sua casa por ao menos uma noite... Sucesso!
Mas quem conseguiu a maior proeza foi Sandra. Imagine que convidou a gatinha para fazer parte da comitiva da cantora Ceumar - de quem Sandra é secretária - para Fortaleza e Crato, no Ceará. E a danadinha, que acabara de voltar de uma viagem a Fortaleza com as mães - em julho de 2006 - voltou pra lá com Sandra, Ceumar e Gigante Brasil. Era setembro. Reviu Adrissa, amiga orkutiana, participou dos ensaios e apresentações da Ceumar, viajou para o interior e fez amigos - humanos e inanimados. Veio até com uma paixão: Kiko, um sapinho.
Para a viagem ao Ceará, confeccionei para ela uma roupinha de renda. Para Buenos Aires, ganhou da tia Ana Lygia, do Rio, uma touca e um cachecol de lã. Aliás, presente é o que não falta para essa gatinha: colarzinho, banheirinha, redinha, espreguiçadeira. Hoje acaba de ganhar um post nesse blog e um álbum virtual com mais de 100 fotos, registrando todas as suas aventuras. Pode?
Quem quiser pode conhecer, ver ou rever as aventuras de Charlotte no endereço abaixo: