"O percurso entre Santo Amaro da Purificação e Salvador, hoje feito por automóvel em 45 minutos, era antigamente feito somente através de navio ou da maria-fumaça da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, e leveva horas para ser cumprido. Mais tarde, com a instalação da locomotiva movida a óleo diesel - chamada MOTRIZ -, o tempo necessário para correr-se esse percurso foi reduzido e possibilitou ida-e-volta num mesmo dia: o trem passou a sair de manhã cedinho e voltar no fim da tarde.O nome da locomotiva estendeu-se aos vagões, acabando por se chamar toda a composição de "O (trem) MOTRIZ".Maria Bethânia, na infância, era fascinada por esses vaivéns no MOTRIZ.Usando a idéia de uma dessas viagens como espinha dorsal da canção, Caetano Veloso salpica reminiscências de cenas do cotidiano daqueles tempos: a casa, o estreito relacionamento mãe/filha, o mormaço do Recôncavo, etc. vão passando pela canção, como imagens na janela do trem. Todas as recordações vão-se entrelaçando com a lembrança da viagem em si.
Quando o MOTRIZ faz a parada na cidade de Candeias - a principal estação do trajeto, bem no meio do caminho (e no meio da canção), onde Bethânia saltava sempre para comprar guloseimas - há um salto também do sonho para a realidade. Há uma reflexão sobre sua própria vida (agora também no meio do caminho, como a estação de Candeias) mas a viagem prossegue: mãe e filha contemplam a igreja de N. S. da Penha, em Itapajipe, onde Maria Bethânia foi batizada.É Salvador!A movimentação oscilatória no tempo e no espaço sugerida por MOTRIZ é encontrada, de forma mais ampla, na idéia geral do disco."(Texto copiado do disco Ciclo, de Maria Bethânia, 1983)eee
Pra conhecer
MOTRIZ(Caetano Veloso)Embaixo a terra; em cima o macho céuE, entre os dois, a idéia de um sinalTraçado em luz.Em tudo a voz de minha mãe...E a minha voz na dela...E a tarde dói...Que tarde que atravessa o corredor!Que paz!Que luz que faz!Que voz... que dor...Que doce amargo cada vez que o vento trazA nossa voz que chama,Verde do canavial.Canavial...E nós, mãe:Candeias – Motriz!Aquilo que eu não fizE tanto quisÉ tudo o que eu não sei,Mas a voz dizE que me faz,E traz,CapazDe ser felizPelo céu, pela terraA tarde igualPelo sinalPelo sinalNós, mãeE a Penha – Matriz!Motriz...Motriz...jjjPra ouvir
De uns tempos pra cá, venho pensando em mostrar aos amigos - novos e antigos - como é minha vida. O que faço, aonde vou, o que vejo, o que penso. De Chico César - meu ídolo maior - emprestei o nome desse blog.
sábado, março 31, 2007
Pedrinha de Aruanda
quinta-feira, março 22, 2007
Coração louco de veludo verde
É bom projetar nos caminhos da volta os trajetos descontínuos de uma busca. E, de repente, na meio da estrada, olhar através da janela e surpreender a natureza na neblina dos morros. Podia ser simplesmente assim, mas é preciso também ensaiar a vida. Sentar na platéia vazia de um teatro e ver a magia do ator ser preparada para a celebração com o público. É um grande encontro este, da solidão com o silêncio da espera. (outubro/1990)
Em junho de 87, quando morreu Fred Astaire, 40 dias depois de Rita Hayworth, Renatinho escreveu para nosso amigo Claudio:
Ontem foi Rita,
Hoje, Fred Astaire,
Um dia também iremos para o mar
Sem destino,
Para onde o vento nos levar
segunda-feira, março 12, 2007
Mundo pequeno
Bem, se tudo tivesse saído como planejáramos naquele verão de 2004, hoje eu não estaria contando a história que vem a seguir, motivo do título desse post.