sexta-feira, março 20, 2009

O homem que lê vale mais

Na minha infância, me lembro, essa frase aparecia na Folhinha de São Paulo, dando título a uma coluna onde se indicavam livros interessantes para crianças dos anos 60.
Quis confirmar essa lembrança e fui ao todo-poderoso Google. Nada!
Assim, a informação fica por conta da memória de uma garotinha de 10 ou 11 anos que pensa ter lido isso num jornalzinho infantil.
Tendo sido ou não título de coluna de jornal, a frase: O homem que lê vale mais é tida como dito popular - isso o Google confirma.
E se o homem que lê vale mesmo mais, o que dizer da mulher que lê?
Deve valer muitíssimo mais, claro!
Brincadeiras à parte, já fui de ler muito. Adolescente, revirava a Biblioteca Municipal Circulante do bairro do Ipiranga. A série Biblioteca das Moças era a minha predileta. Lia também o que se mandava na escola: Machado de Assis, José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo...
Mais tarde, descobri Agatha Christie e Simenon. Li as coleções inteiras. Confirmei então minha predileção pelo romance policial.
Daí foi um pulo para os personagens perversos e amorais de Patricia Higsmith, de quem li tudo também.
Próxima descoberta no gênero policial: Patricia Cornwell e sua Dra. Kay Scarpetta. Essa já bem mais recente, de quem venho lendo também toda a obra.
Outra descoberta: Luiz Alfredo Garcia-Roza e seus personagens e cenários cariocas. Não perdi nenhum até agora!
Entre uma descoberta e outra fui lendo mais coisas que me caíram sobre as mãos e sob os olhos. Coisas de que gostei, outras de que não gostei tanto. Leituras obrigatórias de cada época. Indicações de amigos. Romances água com açúcar. Relatos de viagens. De tudo um pouco.
E aí chegou a internet, essa devoradora do tempo da gente.
As leituras foram ficando de lado... quase esquecidas.
Não digo que não li nada desde o boom da internet, mas li muito menos, isso sim! Livros e livros, comprados ou emprestados foram se acumulando no armário.
Para 2009 tomei uma decisão: coloquei todos os livros não lidos numa prateleira bem à altura dos meus olhos. Cada vez que abro o armário dou com eles. E... mãos à obra, ou melhor, olhos à leitura!
Para a longa viagem à Europa, objeto dos posts anteriores, levei dois livros, escolhidos com a ajuda de Ana. Ambos se passavam em Paris, um dos locais a que fomos.
Bem, quem leu os posts da viagem deduziu que não houve tanto tempo para leitura. Mas iniciei um deles: O enigma de Paris.
O outro: Um livro por dia - Minha temporada parisiense na Shakespeare and Company, voltou intacto para a prateleira.
Leitura iniciada não pode ser definitivamente interrompida. Isso é regra que dificilmente transgrido.
Assim, O enigma de Paris foi retomado depois da chegada ao Brasil. Passei boas horas entretida com a narrativa de Pablo De Santis, onde a personagem Sigmundo Salvatrio conta a participação dos Doze Detetives - uma sociedade dos 12 melhores detetives do mundo - em plena preparação da Exposição Universal de 1889, em Paris.
E voltei à prateleira em busca de nova leitura. Escolhi O reino das mulheres - O último matriarcado. Um relato muito interessante feito pelo médico, fotógrafo e jornalista Ricardo Coler, quando visitou a comunidade Mosuo de Loshui, um pequeno povoado na China. Ali as mulheres mandam e os homens... obedecem. A organização familiar é totalmente diferente do que conhecemos no ocidente: a família é constituída de mãe, filhos, irmãos. Casamentos como conhecemos não existem. As Mosuo decidem inclusive com quem vão dormir a cada noite. Li as mais de 200 páginas rapidinho e voltei à prateleira.
Dessa vez, escolhi dois livros curtos para a viagem entre São Paulo e Assis que fiz ontem.
O primeiro foi Chocolate amargo, de Renata Pallottini. Li todos os poemas - mais de 70 - no ônibus, na primeira etapa da viagem. O livro é bonito e tem até cheiro de chocolate. Verdade! Estive na Editora Brasiliense há algum tempo, quando o Chocolate amargo estava sendo preparado. Já conhecia então o projeto, mas o cheirinho de chocolate foi surpresa no dia do lançamento.
O segundo livro eleito para a viagem de ontem foi Saga lusa, da Adriana Calcanhoto. Comecei na segunda etapa da viagem e já estou no meio da leitura, me divertindo com a narrativa bem-humorada que Adriana faz do surto que a acometeu numa turnê portuguesa. Será que aconteceu mesmo? Não importa, o texto é bom e divertido!
É isso: a mulher que lê vale mais!

domingo, março 08, 2009