segunda-feira, novembro 30, 2015

DEZ ANOS

Um dia desses li em alguma rede social uma postagem interessante. Dizia que, no passado, as pessoas escreviam diários e ficavam possessas se alguém os lia. Hoje, escrevem blogs (=diários) e ficam chateadas se ninguém os lê.

Verdade, né?

Tempos modernos!

Mesmo os blogueiros mais blasés ficam orgulhosos com os números apontados nas estatísticas de visitas ao seu diá... ops, blog.

Eu mesma, que há dez anos iniciei esse blog "pensando em mostrar aos amigos - novos e antigos - como é minha vida, o que faço, aonde vou, o que vejo, o que penso", como num diário mesmo, sem nenhuma pretensão de ter elevado número de leitores, fico toda pimpona quando vejo que alguns posts bombam. Olha só esses números:


Visualisação de páginas nos últimos 5 anos

Dá um orgulhinho saber que tanta gente apareceu por aqui pra ver/ler as minhas histórias.

E fico ainda mais felizinha quando vejo que essa gente está espalhada pelo mundo afora. 

Quando, ao começar essa aventura, eu pensaria em ser lida na China, Rússia, Ucrânia... 

Leitores dos últimos 5 anos

Internet, eu te amo! 




E vejam só a coincidência: no meu primeiro post aqui no De uns tempos... eu contava sobre o lançamento de um livro de poesias de Chico César, o Cantáteis. E não é que, há poucos dias, Chico lançou um novo livro, também de poesias: Versos Pornográficos.

Fui lá, claro! E acrescento a dedicatória que recebi à comemoração dos dez anos desse blog, que já nasceu tiete do Chico.

Taí:


Viva!

domingo, novembro 15, 2015

ACHADOS EM SANTIAGO

Contadas as venturas e desventuras da viagem a Santiago, com as mágoas já guardadinhas lá no fundo da memória – e os dólares repostos – volto pra contar sobre nossa agradável descoberta gastronômica na cidade: o Peumayén.


Não, ninguém nos indicou o lugar. Nenhum blog, nenhum amigo, nenhum site turístico. Fomos nós mesmas que notamos a discreta entrada do restaurante, numa caminhada pelo bairro. Achamos simpático o lugar e gostamos da proposta de comida ancestral. Ana fotografou a placa para futura referência. (Sim, somos dessas que saem fotografando coisas e lugares pra não esquecer mais tarde.)

Fomos, numa noite de quinta-feira. O primeiro deslumbramento ficou por conta do cenário. Dois espaços. Um salão sóbrio, com peças e panos primitivistas. Um jardim interno com plantas que se esparramavam pelas paredes e vigas. Em tudo um perfume agradável e inesquecível. Chegamos cedo, sem reserva, nem nada: a casa abre às 19h. Conseguimos uma mesinha no primeiro ambiente. Ô sorte, minutos depois o lugar estava cheio.



Naquele ambiente descolado, rústico chique, um time de funcionários jovens e bem afinados se revezava para explicar e servir cada passo do jantar.

Começamos com um pisco sour de rica-rica.


O garçom responsável por apresentar os drinks nos olhou com ar de aprovação quando viu que já éramos “íntimas” da perfumada erva do deserto chileno.

Enquanto esperávamos nossa bebida, outra assistente nos descreveu as opções de entrada. 


Optamos pela degustação vegetariana.

E assim começou nossa noite: com aroma de rica-rica, sabor de pisco, agradinho do chefe com tartar de carne de cavalo o_O e nossa tábua de legumes grelhados.


Para a eleição dos pratos principais, mais uma rodada de informações, descrições e sugestões, protagonizada por nova atendente.


Antes que nossas escolhas chegassem à mesa, ainda havia muito o que degustar. Seguimos com uma seleção de pães, cujas origens e história nos foram expostas com detalhes.


E mais um mimo do chefe, uma porçãozinha de batatas tinindo de crocantes.


Depois, pra preparar o paladar, um delicado sorbet de gengibre.

Assim, de surpresa em surpresa, chegamos aos pratos principais. Ana foi de carne de porco e eu de risoto de quinoa. Esplêndidos!

Chancho, algarrobina, legumbres

Lawa de quínoa y vegetales

Sobremesa? Claro!


Pra experimentar um pouquinho de tudo, escolhemos a degustação. Com chá pra acompanhar.


Se a sobremesa foi escolhida com a gula, o chá foi selecionado com o olfato. Chegaram à mesa dez potinhos com diferentes sabores/aromas, uma espécie de cardápio perfumado.


Depois de tudo isso, só mesmo a conta. Ei-la!


Algo entre 300 e 350 reais. Caro? Eu bem que avisei que a cidade estava com preços altos. Mas levando em consideração o deleite daquela noite, achamos justo o custo x benefício.


Voltaremos, com certeza!

**********
E falando em achado gastronômico, conto que descobrimos também um café maneiro, o María Betania.

Fica na Calle Obispo Perez de Espinoza, numa espécie de pracinha à margem da Av. Providência, numa bonita construção ao lado da Igreja Santos Angeles Custódios. (Aliás, a igreja é famosinha e só não a visitamos porque estava fechada quando estivemos por lá.)


Entramos atraídas pelo nome do café e gostamos do lugar, discreto e simples como a nossa musa Maria Bethânia.

Mais um lugarzinho pra voltar!

quinta-feira, novembro 05, 2015

ROUBADAS EM SANTIAGO - Parte final

Da janela do metrô, rumo à Concha y Toro
Foto: Ana Oliveira

Depois de ler os posts anteriores (parte 1 / parte 2) e saber dos perrengues que encontramos pelo caminho, vocês já devem estar morrendo de pena de nós e achando que nossa viagem foi uma grande roubada, mesmo. Agradecemos os abraços virtuais, as palavras de solidariedade, a preocupação etc, mas... calma, gente, nossa viagem teve também bons momentos como vocês viram nos episódios anteriores e verão adiante.

Olhaí!

Andando pelo nosso bairro boêmio, a Bellavista, fizemos uma bela descoberta: um restaurante de comida ancestral com uma cara super boa. Jantamos lá na nossa última noite e amamos cada prato, cada cheiro, cada surpresa. Foi o ponto alto da nossa viagem. Gostamos tanto que decidimos dedicar um post inteirinho a ele, depois que terminarmos de contar nossas venturas, aventuras e desventuras pela cidade.

Na sexta-feira, nosso último dia de viagem, teríamos um dia cheio. Cedo, arrumação de mala e check out no Tinto. À tarde, visita à vinícola Concha y Toro. À noite, mudança para o Hotel Diego de Almagro Aeropuerto, para facilitar a viagem de volta que seria bem cedinho no sábado.

Foto: Ana Oliveira

Pela manhã, ainda demos um pulinho em La Chascona, a casa que Pablo Neruda construiu em Santiago para seus encontros com a amada Matilde. Pensávamos em tomar um café e curtir um pouco aquele espaço já conhecido de outras viagens, mas... demos com os burros n’água: já não existe o café na casa do poeta.

No check out, num gesto de simpatia, o hotel nos ofereceu um desconto que não chegou a 10% no total das diárias. Gostamos, claro, mas foi pouca recompensa pra tantos perrengues, né gente?

E partimos para a Concha y Toro, deixando a mala no hotel. Fomos de metrô, seguindo a receitinha do Riq Freire. Aqui mais uma quase-mini-roubada: chegando à estação Mercedes, havia a opção de seguir em táxi ou ônibus. Escolhemos o táxi. No ponto à saída do metrô, alguns taxistas conversavam sobre uma possível greve e nem se abalaram para nos atender. Tentamos um táxi que estava no estacionamento do shopping ali do lado, e o motorista propôs cobrar 5.000 pesos por pessoa. Que isso? Sabíamos que o preço total da corrida era aproximadamente 3.000 pesos! Chegamos ainda a abordar um taxista que vimos parado na rua, mas ele nos disse que não podia ir até a vinícola pois somente os táxis de teto amarelo tinham permissão para tal... Anote aí, quando quiser ir à Concha y Toro, procure por um táxi de teto amarelo!

Um vendedor de rua, nos vendo com cara de turistas perdidas, nos indicou o ponto do ônibus. Fomos e voltamos com o 73 e foi bem tranquilo, apesar do esquecimento do motorista da ida, que nos deixou um ponto adiante do local.

La Casona, na Concha y Toro
Foto: Ana Oliveira

Almoçamos na vinícola e fizemos a visita tradicional. A guia era simpática e falava um espanhol fácil de entender. Degustamos três vinhos e saímos com nossas taças de brinde.

Ana no Jardín de Variedades da Concha y Toro

Ônibus, metrô e chegamos à Estação Baquedano que, naquele fim de tarde de sexta-feira, estava agitadíssima. Na rua, continuava o furdunço. Para chegar ao nosso destino, o hotel Tinto, onde nossa mala nos esperava, tínhamos que atravessar quatro grandes avenidas e mais a ponte sobre o Rio Mapocho, disputando espaço com os estudantes das duas faculdades do pedaço e mais toda a gente que circulava por ali. Foi então que aconteceu a grande roubada: abriram nossas mochilas e levaram minha carteira com dólares, reais e alguns documentos. Típico!

A mochila da Ana também foi aberta, mas como não tinha nada de valioso à vista, nada foi levado. Já eu, distraidamente, havia deixado a carteira de "coisas que não vou usar mais até a volta" em lugar fácil para qualquer mão-leve. E que leve!

O dinheiro que estava ali não era tanto, os documentos não eram os mais importantes – e já foram repostos – de forma que a vida continua e a viagem também.

Voltamos ao Tinto, resgatamos nossa mala, recusamos a oferta da recepção para um carro que nos levaria até o aeroporto pelo valor fixo de 25.000 pesos e saímos, acompanhadas de um funcionário do hotel, em busca de um táxi normal.

Nem foi tão difícil, levando em consideração o dia e horário. Logo estávamos a caminho do Hotel Diego de Almagro. O motorista iniciou o caminho anunciando que ia pela Autopista Vespucio, mas depois mudou de ideia e disse que, naquele horário, seria mais fácil ir pela Alameda. Para isso, voltou um bom pedaço do caminho já feito e pegou belos congestionamentos. Desconfiada, comentei que estava estranhando o caminho e disse que já havia sido roubada naquele dia e não queria que a coisa se repetisse. Ele garantiu que o caminho era  o melhor e se interessou muito em saber sobre o roubo. Contamos e ele se mostrou pesaroso, comentou o quanto ele achava isso prejudicial para a imagem da cidade e coisa e tal.

Com essas e mais aquelas, chegamos ao hotel com o taxímetro marcando quase 18.000. Ele tinha razão, o caminho não foi ruim. Descemos do carro na rua, pois, segundo o motorista, os táxis não tinham permissão de entrar no espaço do hotel. Ele nos desejou boa viagem de volta ao Brasil e, mais uma vez, se desculpou pelo que seus conterrâneos haviam feito conosco.

Na recepção fomos muito bem atendidas. O Diego de Almagro se mostrou uma ótima alternativa pra quem precisa dormir perto do aeroporto e não quer pagar a fortuna que o Holiday Inn  – a dois passos do terminal –  está cobrando. Restaurante aberto até as 23h, café da manhã a partir das 4 da manhã e van para o aeroporto de meia em meia hora ininterruptamente. Quarto bom, que só perde ponto pela cortina de plástico do box. Recomendamos!

Para encerrar o dia, tomamos um lanche no restaurante do hotel e pensamos em pagá-lo com os últimos pesos que nos restavam. Abri a carteira de pesos e... foi aí que nos demos conta do golpe de mestre: o taxista tinha usado aquela velha artimanha. Na chegada, enquanto Ana tirava a mala do banco da frente, eu pagava a corrida dando duas notas de 10.000 pesos. O taxímetro marcava 18.000, lembram? Pois o indivíduo me disse que faltava dinheiro e me mostrou as notas que eu teria dado a ele: uma de 10 mil e outra de mil. Faltavam, portanto, sete mil pesos.

Caí como a mais ingênua das turistas.

Paguei!

E lá se foram 27.000 pesos para um sujeito que ainda debochou de nós pedindo desculpas pelo que seus compatriotas fizeram conosco.

Foi assim...

Fiquei muito mais aborrecida com o caso do taxista malandro do que com o ladrãozinho de rua.

Chorem conosco e voltem logo mais pra saber como foi o nosso jantar especial na Bellavista.

Ah, se a gente volta a Santiago? Sim, um dia... quando passar a indignação.

**********

E sabem que mais? Eu já havia sido roubada em Santiago no século passado. Levaram minha bolsa de dentro de um restaurante na Providência. Ou seja, já sou freguesa.

domingo, novembro 01, 2015

ROUBADAS EM SANTIAGO - Parte 2


Foto: Ana Oliveira

Chegou por aqui agora e ainda não leu a primeira parte desse relato, onde contamos as dores e delícias dos nossos dois primeiros dias de viagem por Santiago? Taí:


Ou fique com essas cenas do capítulo anterior:

Nos hospedamos no Tinto Boutique Hotel e tivemos alguns problemas menores até que chegamos a uma noite em claro por conta do barulho no restaurante do próprio hotel. Na madrugada, acordadas e chateadas, decidimos mudar de hotel na manhã seguinte.

E assim foi. O dia amanheceu e nós, cansadas, ainda tivemos o desprazer de perceber que o conserto da descarga, feito no dia anterior, não havia surtido efeito.

No café da manhã, encontramos os mesmos itens do dia anterior, mas dispostos num buffet, acrescido do oferecimento de ovos. Tomamos um café rápido e saímos em missão de exploração dos hotéis.

Começamos pelo The Aubrey e a recepcionista nos disse que só tinha disponibilidade na suíte master, por um preço impagável. Argumentamos, dizendo que tínhamos visto um quarto disponível no Booking, mas ela disse que ele já estava ocupado.

Andamos pela região, fazendo a ronda dos hotéis, mas não encontramos nenhunzinho. Pra não dizer que não encontramos nada, vimos, sim, um quartinho minúsculo e empoeirado no Mito Casa Hotel. Fuén!

Voltamos desanimadas para o Tinto e, usando o wi fi que, há que se dizer, era uma das boas coisas do hotel, acessamos mais uma vez o Booking e lá estava a vaga no The Aubrey. Teimosas, reservamos e recebemos confirmação.

Enquanto Ana arrumava nossa bagagem, fui até o The Aubrey para "tomar posse" do nosso quarto. E, roubada das roubadas, não havia disponibilidade, embora eu estivesse ali com a reserva feita e confirmada. Dá pra acreditar? 

Foi um belo bate-boca ali na recepção, mas saí de lá com uma mão na frente e outra atrás.

Só nos restava fazer uma reclamação no Tinto e tentar melhorar a nossa situação por lá mesmo. Fizemos! E fomos prontamente atendidas pelo recepcionista. Ele reconheceu que houvera muito barulho naquela noite e que o mesmo poderia acontecer nas próximas, portanto, para nos compensar, nos daria um upgrade para um quarto maior e mais confortável, voltado para o outro lado. Aceitamos, mas quisemos antes ver o quarto prometido. Vimos e aprovamos!

O Booking entrou em contato conosco lamentando qualquer inconveniente e propondo estadia num em estabelecimento muito diferente do que estávamos buscando, localizado no centrão. Fala sério!

Com essas e mais aquelas, perdemos a manhã e a hora da nossa visita à Vinícola Cousiño Macul, agendada para as 11h.

Nossa centolla no Mercado Central
Foto: Ana Oliveira

Aproveitamos o resto do dia fazendo uma caminhada até o Mercado Central. Comemos centolla no El Galeón. Trocamos mais dinheiro na Calle Agustinas, onde encontramos o melhor câmbio. Tomamos um café e comemos um delicioso crème brûlée de laranja no Centro Cultural Palácio La Moneda. Fomos ver o filme "Allende mi abuelo Allende", no curioso cinema do Centro Arte Alameda. Voltamos ao Chipe Libre para mais um pisco e retornamos ao hotel cansadas do dia e da noite mal dormida.

Centro Arte Alameda
Foto: Ana Oliveira

O recepcionista da noite, ciente da mudança de quarto, refez nossos cartões/chave e nos disse o número do novo quarto. Subimos para... mais uma grande roubada: o quarto para onde nos haviam transferido NÃO era o que nos haviam prometido e que nós tínhamos visto e aprovado. Era um quarto igual ao nosso, só que no primeiro andar, voltado também para a piscina e, portanto, para o restaurante do hotel que, já naquele momento, funcionava a pleno vapor.

O motivo? O recepcionista da noite não sabia dizer. Tentou colocar a culpa na descarga do apartamento prometido, dizendo que não estava em bom estado. Mas o tal apartamento estava ocupado... Depois ensaiou dizer que daquele lado havia um elevador muito barulhento. Enfim, mais uma decepção, mais um bate-boca e mais uma situação imutável: para onde iríamos àquela hora, numa Santiago superlotada?

Ficamos. Foi mais uma noite péssima, mais uma descarga com mau funcionamento e mais um café da manhã sem graça.

Nessa altura, Ana estava penando com uma crise de rinite alérgica que nos fez duvidar da perfeita higienização do ar condicionado do nosso quarto no Tinto. Será? Só nos faltava mais essa roubada...

E assim chegamos ao quarto dia da nossa viagem.

Ainda tentamos melhorar nossa situação no hotel conversando com o recepcionista da manhã – que por algum motivo não era o mesmo com quem nos entendêramos no dia anterior – mas não tivemos qualquer êxito.

Com a reserva para a visita refeita, partimos de metrô + táxi para a Vinícola Cousiño Macul seguindo as instruções precisas do guru do Viaje na Viagem. Deu tudo super-certo. Até que caímos numa roubadinha: havíamos feito reserva para um grupo com guia em espanhol, mas na hora H formou-se um grupo com guia em português e nós topamos. O grupo era enorme e o guia deixava muito a desejar nas informações e respostas às perguntas do pessoal. Ficamos olhando invejosas para o grupo de duas pessoas com guia chileno. Mas terminamos a visita muito bem, com um enólogo simpático e competente que nos acompanhou no momento da degustação dos vinhos.

Foto: Ana Oliveira

Quando você for à Cousiño, invista na visita Premium. Vale a pena! 
Desejamos sorte pra não cair nas mãos do guia brasileiro... 

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(Tá pensando que acabou. Que nada! Tem mais roubadas – e achados  nos próximos capítulos!)

sábado, outubro 31, 2015

ROUBADAS EM SANTIAGO - Parte 1

A gente devia ter percebido os sinais: aquela turbulência toda a que fomos submetidas logo antes do pouso em Santiago só podia ser um alerta.

Começou já no aeroporto:

Instruidíssimas pelas informações fresquinhas do Ricardo Freire, sabíamos que o preço do táxi entre o aeroporto e o centro da cidade era 15.000 pesos. Mas não é que o atendente do guichê do Táxi Oficial nos pediu 20.000 pela corrida? Contestamos e ele nos veio com a proposta de pagar a corrida pelo taxímetro. Uma loteria! Mas, como a gente é chegada num jogo de azar, topamos. E ganhamos! A corrida até o Tinto Boutique Hotel, na Recoleta, incluindo os pedágios, ficou em 16.000 pesos chilenos.

Fica a dica: diga que quer pagar pelo taxímetro e o atendente te dará um boleto como esse. E... boa sorte!


Quando descemos do táxi na frente do hotel, o motorista, simpático, comentou a localização dizendo que estávamos no meio da festa. Mais um sinal que deixamos passar!

Escolhemos o hotel por exclusão. Na verdade, queríamos nos hospedar no The Aubrey, nosso queridinho da última viagem à capital chilena, mas não conseguimos reserva lá. Daí vimos o Tinto com localização semelhante, mesma faixa de preço, algumas boas avaliações, restaurante badaladinho... reservamos.

Mal entramos, fomos encaminhadas para o nosso quarto mais rapidamente do que desejaríamos: nenhuma instrução sobre horários, locais ou qualquer outra coisa.

O quarto era no térreo, a dois passos da recepção. Espaçoso, com uma parede envidraçada com vista para a piscina, mas fazia frio e chovia um pouquinho... 

Tínhamos uma porta – única abertura na parede de vidro – que dava acesso à área externa comum a outros hóspedes. Assim, nossas opções para respirar eram ar condicionado ou porta aberta.

Tínhamos uma cama confortável com bons lençóis, toalhas pequenas mas de boa qualidade e duas garrafinhas de água mineral italiana que eram cortesia (mas que não se renovaram nos outros dias). Tudo normal, né gente, afinal, estávamos num hotel boutique (?) com diárias custando mais de 150 dólares!

Saímos para um almoço tardio no já conhecido e aprovado Galindo e fomos dar uma volta no GAM - Centro Cultural Gabriela Mistral e no bairro Lastarria. A chuva nos pegou no caminho de volta. Paramos no Wonderful Café até que a chuva desse uma trégua. Ainda assim, chegamos de volta ao hotel debaixo de chuva.

Nossa reserva, feita pelo Booking, nos prometia um drink de boas-vindas. Como não houve menção a isso no apressado check in, chamamos a recepção para saber como obter o mimo. Se ofereceram para trazer duas taças de vinho no quarto. Insistimos em tomar o vinho em algum outro ambiente, um bar, talvez. Não, só poderia ser mesmo no quarto! Depois entendemos: o hotel não tinha um bar!!! (Uai, mas não era um hotel temático, dedicado a aproximar o hóspede da cultura vitivinícola chilena?)

Foi naquela noite que as surpresas começaram: no tapete ao lado da cama, um enorme pedaço de unha; no banheiro, descarga que não funcionava bem.


Dormimos com algum barulho, mas relevamos, afinal estávamos em plena Bellavista, bairro boêmio e ruidoso. "No meio da festa", como dissera o motorista do táxi.

Nosso primeiro café da manhã no Tinto foi meio decepcionante: poucos itens, servidos diretamente na mesa, sem oportunidade de escolha. Tudo de boa qualidade, é verdade, com café expresso, servido num acanhado espaço no subsolo.

Aproveitamos a manhã sem chuva para caminhar pela Providência, trocar dinheiro seguindo as indicações superatualizadas do Riq Freire e ver Santiago do alto da novíssima torre Sky Costanera. O dia estava nublado, mas ainda assim o passeio valeu a pena.

Foto: Ana Oliveira

À tarde, voltamos ao GAM para um encontro com nosso amigo Chico Guedes, que também estava passeando por Santiago. Com ele fomos ao Chipe Libre - República Independiente del Pisco, no Lastarria. Foi um fim de tarde delicioso, com pisco, conversa e barulho de água da fonte que enfeita o salão dos fundos do bar.


Nesse final de tarde, mais uma surpresinha desagradável no hotel: a água do banho não passava de morna, mesmo com a torneira de água fria totalmente fechada.

Para a noite, tínhamos uma reserva no Bocanáriz. Escolhemos o menu completo com jantar e degustação de vinhos e não nos arrependemos. Tudo bem gostoso, num ambiente agradável e movimentadíssimo.

Os preços? Bem, achamos tudo bem caro nessa viagem: comida, passeios, transportes. Primeira vez que voltamos de uma viagem sem nenhuma comprinha.

Alegrinhas com os vinhos do jantar, chegamos ao hotel cansadas. O que nos esperava ali era, sim, uma das maiores roubadas da viagem: o restaurante do hotel estava sendo reinaugurado e funcionava bem debaixo da nossa porta/janela, aquela que dava para a piscina. No mesmo espaço sem graça onde serviam o café da manhã.

Os convidados para o jantar conversaram alegres e ruidosos até mais de duas horas da manhã e depois saíram entusiasmados passando pela recepção do hotel, quase na frente do nosso quarto. Só alegria, dá pra imaginar?

Foi uma longa noite! Depois que saíram os convivas, ainda ouvíamos a música que alegrava o recepcionista da noite, ali do nosso lado.

Como não conseguíamos dormir, pegamos nossos eletrônicos para procurar um outro hotel para as duas noites que ainda teríamos por ali. Vimos no Booking que o The Aubrey tinha disponibilidade, bem como alguns outros na região, entre a Bellavista e o Lastarria.

Não fizemos reservas, pensamos em ir diretamente aos hotéis na manhã seguinte.

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(Aguardem novas roubadas nos próximos capítulos!)

domingo, outubro 04, 2015

Pousada da Alcobaça

De alguns anos pra cá, Ana e eu trocamos a tradição das festas de aniversário por viagens. E já que se tratam de viagens/festa, temos escolhido e reservado lugares bacanudos pra passar os 15 de setembro e os 1º de outubro desde então.
Já estivemos, por ordem cronológica, na Casa Turquesa (Parati), no Copacabana Palace, no Alvear (Buenos Aires), no Casas Brancas (Búzios), no Fasano (Rio) e na Pousada da Alcobaça (Petrópolis).
Gostamos mais de uns que de outros, claro! 
O hotel de cada uma das escapadas é escolhido e reservado pela aniversariante da vez. Assim, no último 1º de outubro, Ana preparou uma estadia na Pousada da Alcobaça, que, como os anteriores, era, para nós, um objeto de desejo.



A reserva foi feita por uma troca de e-mails e depósito antecipado de metade do valor das diárias.
A pedido da Ana, a pousada indicou contatos de taxistas que poderiam fazer o translado aeroporto/ pousada/aeroporto.
Tudo acertado, partimos de GRU para GIG um dia antes do aniversário. O taxista contratado teve um problema pessoal e enviou um substituto para nos apanhar no aeroporto. E assim, chegamos à pousada sem stress.
Nosso quarto -- o Alcobaça -- não tinha o charme esperado, mas tinha uma inesperada paisagem florida e perfumada, que ficava mais próxima quando vista e sentida da varandinha. Sim, nós tínhamos uma varanda com duas simpáticas cadeiras, com vista para duas montanhas: Alcobaça e Alcobacinha. Duas também eram as poltroninhas do espaço reservado à TV e as cadeiras que contornavam nossa pequena mesa. E mais uma cama com bons lençóis, um espelho grande, um armário com cabides desparelhados, abajures.  Chão de tacos precisando de um cuidado. Móveis com um ar já meio cansado. Ar condicionado e aquecedor. Tudo simples, quase monástico.
Também o banheiro era completinho, com box fechado com porta de vidro e amenities da Natura. Mas tão pequeno! Pequenas também eram as toalhas branquinhas, trocadas diariamente.


Nossa varanda lá em cima
Foto: Ana Oliveira

Bebidas geladas no quarto? Não! Nas áreas comuns dos dois andares da pousada, há um frigobar coletivo, onde o hóspede pode pegar bebidas e anotar o que consumiu.
Eu não daria nota dez para a limpeza, mas não posso dizer que encontrei problemas cabeludos nesse item.
Confesso que, ciente do preço das diárias, eu esperava, sim, um pouco mais de glamour!
Incluídos na diária, apenas as acomodações e o café da manhã. Aliás, um belo desjejum, com poucos itens mas de qualidade. No primeiro dia, esqueceram de nos oferecer suco de fruta, mas tivemos deliciosas torradas Petrópolis acompanhadas de queijo derretido quentinho. Nos outros dias, completamos a esbórnia matinal com deliciosas panquequinhas.
As refeições eram pagas à parte e seu preço permaneceu quase secreto até o momento do check out. Sim, há um cardápio com o preço de alguns pratos, mas a cada dia nos ofereciam a opção de um irrecusável prato do dia cujo valor não se encontrava na carta. Não houve surpresa, entretanto, na hora de pagar as refeições. Preços normais de bons restaurantes.
A riqueza da Alcobaça está mesmo na parte externa: os jardins!
Para dar uma ideia, nosso primeiro ímpeto foi compará-los aos jardins de Monet. Verdade, a variedade de cores e perfumes faria inveja ao impressionista francês.



E Dona Laura, a proprietária do lugar, traz para dentro do casarão caprichados arranjos com flores dos jardins. Uma delicadeza!
A pousada fica no bairro petropolitano de Corrêas, a poucos passos do centrinho local, que é bem carente de atrativos. Além do Santuário do Amor Divino, nada mais ali nos interessou.
Da igreja fomos direto para o centro histórico de Petrópolis, a uns 10 km e 45 reais de táxi dali.
Assim, nossa dica é, se você não se importar de dirigir do aeroporto até Corrêas e vice-versa, pela sinuosa e movimentada Rodovia Washington Luís (trecho da BR 040 entre Rio e Petrópolis), alugue um carro. Você vai aproveitar bem mais a sua estada por aquela região.
Agora, se você, como nós, tiver a intenção de ficar curtindo a paisagem, a comida, o bar, a videoteca, a tranquilidade, a confortável sala de leitura, os jardins, a piscinona e a sauna da Alcobaça, vá de táxi e deixe a vida correr.

Foto: Monica Beltrame


quinta-feira, setembro 03, 2015

Navegar é preciso

Foi sobre as águas que passamos mais de 25% do tempo de nossa última viagem. (Sim, eu calculei a porcentagem virginianamente!)
Grande parte dessa marca foi atingida no cruzeiro pela costa da Croácia, mas também houve a travessia do Adriático – de Dubrovnik a Bari – durante toda uma noite e pequenos passeios de barco nos lagos croatas e no Lago de Bled, na Eslovênia.

Em sentido horário:
Embarcando em Plitvice Park
Barco Vanja, no Lago de Bled
Embarcando no Prestige para navegar na Dalmácia
O barco Dubrovnik da Jadrolinja.

Pra completar, desbravamos rios e canais de Berlim e de Paris. Verdade, usamos boas horas da nossa passagens por essas duas capitaizonas pra navegar! E gostamos, viu? Olha só:

1. Berlim – Bridge Tours

Antes de sair do Brasil, fizemos nossa lição de casa bem feita. Lemos tudo o que pudemos sobre os lugares que faziam parte do nosso roteiro. E foi assim que vimos esse post da Isabel no Simplesmente Berlim e decidimos que queríamos fazer um dos passeios de barco que ela contava lá.
Optamos pelo longo tour pelas pontes da cidade, da Reederei-Riedel: três horas e meia navegando pelo Landwehrkanal e pelo Rio Spree.
Escolhemos um horário no final do dia – 19h, era verão – e fomos diretamente ao porto da Cornelius Brücke, ali pertinho do nosso hotel, o Bikini. Compramos os tickets na hora (maiores de sessenta têm desconto! \o/), embarcamos e pronto: as 64 pontes do trajeto começaram a passar sobre as nossas cabeças, ou será que nossas cabeças é que começaram a passar debaixo delas?


Mas nem só de pontes se fez a nossa jornada. Avistamos palácios, parques, museus, monumentos, construções antigas e modernas, gente – muita gente – curtindo as margens do rio em bares e praias fluviais,  o famoso muro, pôr do sol e, claro, muitas e muitas pontes. Uma festa, acompanhada de uma cervejinha, lógico!
Já era noite quando o barco atracou novamente no porto da Cornelius Brücke.
Voltamos a pé pro hotel e ainda a tempo para um jantarzinho no L'Osteria em frente de casa. (Saudades de Berlim e do Bikini.)

Fotos do circuito, aqui.

2. Paris – Navegação no Canal de Saint Martin

Em Paris, foi o Maurício Christovão o responsável pela nossa programação aquática. Foi nesse post escrito por ele e publicado no Conexão Paris que soubemos dos detalhes do passeio de barco pelo Canal de Saint Martin, o Croisière du Vieux Paris. Foi paixão à primeira lida... Saímos do Brasil decididas a embarcar no “Michel Carné” ou no “Arletty”.
Paris foi nossa última parada nessa viagem, já era julho, verão, alta temporada. Melhor garantir o embarque antes: compramos os tickets on line, no site da Canauxrama. (Mais uma vez, abusei do direito de ser velhinha e tive meu desconto na compra do bilhete!)
Embarcamos no Port de l'Arsenal, do ladinho da Place de la Bastille, que por sorte era bem perto do nosso hotel, o Auberge Flora
Escolhemos a saída da manhã – 9h45. Chegamos cedo e notamos que muita gente comprava o bilhete na hora, mas... "seguro morreu de velho", nós já tínhamos os nossos e logo tomamos nossos lugares no “Michel Carné”.
O passeio leva cerca de duas horas e meia e já começa com emoção: um trecho de 1.854 metros feito por baixo do Boulevard Richard Lenoir, iluminado apenas por algumas frestas no alto. Depois,  já ao ar livre, quatro eclusas, uma ponte giratória, uma ponte levadiça e o colorido Parc de la Villette.
Durante todo esse percurso, pontes, pessoas, carros, prédios, jardins, música, outros barcos e, claro, uma cervejinha pra animar.


O agradável passeio termina no Bassin de la Villette. De lá, pegamos um busão e partimos para nossa próxima aventura parisiense: era dia de ver Bonnard no Musée d'Orsay (mas isso a Ana já contou aqui.)

Mais fotos desse giro aquático parisiense, aqui.

quinta-feira, agosto 20, 2015

Panelaço em Belém do Pará

Sobre nossa viagem a Belém no último final de semana, Chico César fez o seguinte comentário: "Onde vou elas vão. Só que chegam antes pra limpar os caminhos. Beijo, meninas."
Sim, nós fomos até lá pra vê-lo cantar, mas o que Chico não sabe é que nossa chegada antecipada tinha um outro propósito: participar de um grande panelaço!
E, olha, foi uma festa de panelas...
Começamos despretensiosamente. Depois de dois voos com a TAM, comendo aqueles deliciosos lanchinhos de pão-gelado-e-uma-fatia-de-recheio, estávamos querendo comer algo que nos permitisse esperar o momento do primeiro bater de panelas que só aconteceria à noite.
Tomamos o caminho da Praça Batista Campos, aliás, quem não conhece essa praça tem de conhecer. Tem lago, riachinho, pontes, garças, jardins, coretos. É encantadora!
Mas, como eu ia dizendo, no trajeto hotel/praça, famintas, acertamos em cheio entrando na Brigaderie. Pensávamos encontrar um café e substituto local para o pão de queijo, mas demos com um simpático cardápio de tapiocas com recheios locais e outras coisinhas mais.

Tapioca de queijo do Marajó
Foto: Ana Oliveira

Começo da noite, lá fomos nós para o armazém 2 da Estação das Docas. Era lá, mais precisamente no Lá em Casa, que aconteceria o primeiro panelaço da viagem. E foi um sucesso! Das panelas de Anna Maria Martins, saíram delícias que fizeram a nossa festa naquela primeira noite paraense. Ana aprovou o brochete de filhote que comeu, eu amei o escondidinho de camarão com jambu e cobiçamos o silveirinha - um mexidinho de farinha, ovo e camarão -  que nossa amiga Rosângela pediu.
Reclamam do serviço da casa, mas tivemos sorte: fomos atendidas pelo Seu Vicente que é veterano no restaurante e foi até buscar café espresso no vizinho pra nos agradar.
A sobremesa estava ali do lado, na Cairu. Sorvete dos melhores. Já conto que, além desse quiosque da Cairu na Estação das Docas, conhecemos mais três outras lojas da marca e aprovamos todas! Eu já conhecia o sorvete deles e já amava o de tapioca, mas dessa vez caí de amores pelo carimbó: tapioca e doce de cupuaçu. Hum!
No dia seguinte, fomos conferir o que sai das panelas dos Castanho: almoçamos no Remanso do Bosque e jantamos no Remanso do Peixe.
No primeiro, fomos recebidas pelo chef Felipe Castanho, comemos bem, num ambiente meio impessoal. O destaque foi a sobremesa de bacuri com sagu de hibisco. Na saída, não resistimos à lojinha de delícias e saímos de lá com uma lata de raspas de brownie (já provamos, é uma delícia!) e uma garrafinha de cachaça de jambu.

Bacuri com sagu de hibisco, do Remanso do Bosque
Foto: Ana Oliveira

No Remanso do Peixe, onde fomos recebidas pelo chef Thiago Castanho, nos sentimos mais à vontade. O ambiente é mais aconchegante, os preços são mais amigáveis (gastamos menos de 80 reais por cabeça) e a comida é muito boa. Começamos com bolinhos de bacalhau com abóbora, seguimos com uma moqueca de peixe muito boa e um pirão inesquecível. 

Com Rosângela, no Remanso do Peixe

Pra manhã seguinte, nossas anfitriãs paraenses tinham novas panelas pra nos apresentar. Dessa vez, cruzamos o Rio Guamá rumo à Ilha do Combu. Pegamos um barquinho na Praça Princesa Isabel e descemos direto no pier do Saldosa Maloca. É Saldosa, mesmo. Assim, com L. Veja a placa do empreendimento:


Experimentamos uns bolinhos de peixe deliciosos: o brasileirinho. Comemos filhote com purê de batatas e arroz de jambu e achamos bem bom. Nossas amigas tiveram menos sorte, pediram um peixe à moda indígena e o tucupi que compunha o prato estava muito ácido. Acontece...

Nosso prato no Saldosa Maloca
Foto: Ana Oliveira

Para a sobremesa, boa pedida do lugar é o brigadeiro, feito com chocolate local. Não perca!
Se você for ao Saldosa Maloca num sábado, chegue cedo. Se possível, tente até reservar mesa. A casa lota e o serviço não é dos melhores. 
À noitinha, antes de ir ao encontro da música de Chico César, fizemos uma parada estratégica no Portinha, pra conhecer as delícias que saem das panelas do Junior. Provamos de todos os salgados que havia nas estufas e só achamos sem graça as empadas de camarão.
No domingo, Rosângela nos convidou para um passeio em Mosqueiro. Era dia de manifestação antigovernista no país inteiro. Escapamos dos manifestantes em Belém, mas fomos interceptadas pelos triatletas em Mosqueiro. A competição nos impediu de conhecer melhor a orla da Baía de Marajó. Acabamos indo direto para a Praia do Paraíso e nos acomodamos no restaurante do Hotel Fazenda Paraíso - um enorme galpão com vista para o rio - e seguimos com nosso panelaço. Dessa vez a pedida foi pescada amarela. O peixe estava bom, sem ser excepcional. Acompanhamos o almoço com água de coco terceirizada, isto é, vendida e trazida à mesa por esse senhorzinho militante:

Foto: Ana Oliveira

Depois do almoço, molhamos os pés na água do rio, caminhamos até o final da praia pra ver o lugar onde Rosângela morou - sim, ela já morou numa casa isolada e sem luz elétrica no final da Praia do Paraíso! - e voltamos pra Belém.
À noite, mais um bate-panela. Dessa vez, também por sugestão da Rosângela, fomos ao Xícara da Silva. O lugar é lindinho e lotado, mas chegamos cedo e não tivemos problemas para encontrar uma mesinha entre as fadas. Comemos pizzas com massa bem fininha e achamos bem gostosas. 

No Xícara da Silva
Foto: Rosângela Darwich

Encerrando o panelaço paraense, almoçamos, no nosso último dia, no San Paolo, bem ali na rua do hotel Radisson - onde ficamos e não recomendamos... O San Paolo foi também indicação da Rosângela. É um restaurante por quilo com comida e decoração caprichadíssimas, que vale a visita. Se você for lá, não deixe de pedir um espresso no final. Depois me diga o que achou.  

Cafezinho do San Paolo
Foto: Ana Oliveira

Foi bom pra nós! Mas nossas balanças não gostaram muito. Acho que elas preferiam que tivéssemos feito o que disse o Chico: limpar os caminhos...

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Pra saber o que dizem as experts sobre alguns desses lugares:

Lá em casa, por Constance Escobar
Remanso do Peixe, por Constance Escobar
Remanso do Bosque, por Constance Escobar
Saldosa Maloca, por Constance Escobar
Portinha, por Silvia Oliveira