domingo, julho 26, 2015

Viagem musical

Parece que a música estava à solta durante o tempo em que passamos percorrendo igrejas, parques, becos e praças pela Europa afora.

1. Alemanha

Mal chegamos a Dresden e já topamos com a programação de dois concertos de órgão nas igrejas da cidade: um na Frauenkirche e outro na Kreuzkirche.
O primeiro, da Frauen, foi lindo e longo. A programação incluía preces, benção e -- momento mágico -- os sinos da torre da igreja tocando pela paz. Bom começo, hein? Fala sério!
Taí um teaser do que foi esse nosso primeiro concerto em terras alemãs:

Um vídeo publicado por Ana Oliveira (@anamdo) em

Frauenkirche nos deu o primeiro concerto, mas não os primeiros sons musicais de Dresden. Pela manhã, passeando pela cidade, fomos atraídas por uma música à Haus an der Kreuzkirche, tipo um centro paroquial da Kreuz. Entramos e ainda pegamos as notas finais do que havia sido uma apresentação musical a propósito de sabe-se lá o quê...

Foto: Ana Oliveira

E às três da tarde, voltamos à Kreuzkirche para mais 15 minutos de música.


 
Video: Ana Oliveira
A Kunsthofpassage, em Dresden, como o próprio nome diz, é uma passagem, assim... um beco. Mas, que beco amigos!  Composto de vários pátios, escondidos de quem passa pela rua, cada qual com seus prédios antigos redesenhados por um grupo de artistas. É lá, no Pátio dos Elementos, que está o "prédio musical". Com a fachada azul toda decorada com um emaranhado de calhas, transforma o escoamento da água da chuva em música! Ah, mas precisa estar chovendo pra funcionar, né? Sim, precisa... mas, acreditem, choveu enquanto estávamos lá. Ô sorte!
Video: Ana Oliveira
Já em Berlim, a música voltou a nos envolver no Britzer Garten. Ali acontecia o Shinnyo lanterns on the water, evento incrível do qual participamos (e que a Ana contou aqui), que incluía na cerimônia diferentes apresentações musicais: tambores, instrumentos inusitados, cantoras.
Video: Ana Oliveira
Pra ver a fenomenal apresentação de tambores que aconteceu por lá, acesse esse link aqui e avance até 08:06 minutos. Vale a pena!

2. Croácia

Zagreb, a capital da Croácia, nos recebeu com música e dança pelas ruas do centro antigo. Em cada praça, rua ou beco havia um grupo vestido a caráter, cantando, tocando, dançando: uma festa.

Um vídeo publicado por Ana Oliveira (@anamdo) em

Seria para nos receber? Claro que sim! A cidade aproveita os domingos de verão para mostrar as suas tradições aos visitantes. Mais um lance de sorte pra nós!
Mais um som da natureza convertido em música nos veio através do Sea Organs, em Zadar. O arquiteto croata Nikola Bašić criou uma espetacular instalação que usa a força das águas do Adriático para produzir sons musicais. É só parar e ouvir!

Um vídeo publicado por Ana Oliveira (@anamdo) em

Uma tradição musical da Dalmácia é a música kapla, canto a cappella que teve origem nos cantos litúrgicos da igreja católica e segue existindo até hoje. Há festivais, novas composições, CDs gravados.
Um grupo de música kapla é formado basicamente de um primeiro tenor, um segundo tenor, um barítono e um baixo.
E -- das vantagens de viajar na alta temporada -- lá estavam dois grupos de kaplas no nosso caminho. Mais música na nossa viagem!
Kapla em Split

Video: Ana Oliveira

Kapla em Trogir

Um vídeo publicado por Ana Oliveira (@anamdo) em

Em 2012, a música kapla foi considerada Patrimônio Imaterial da Humanidade. Uau, e a gente ouviu isso! Música é bom, né gente? Mas... nem sempre.  Tivemos também uma experiência musical desagradável durante a viagem. Foi em Biograd. Estávamos ali, tranquilas num final de tarde na nossa pequena varanda, olhando o azul do Adriático quando notamos...


... sim, um grupo musical preparando sua apresentação bem embaixo da nossa janela!
E tivemos um show musical daqueles bem prosaicos, feitos pra hóspede de hotel dançar numa noite de sexta-feira. Fuén!
Por sorte, a música acabou cedo e pudemos ter uma boa noite de sono.
A ilha de Hvar é famosa -- entre outras coisas -- pelas baladas, barzinhos, luau na praia, enfim: agito. E a fama não é indevida, não.
Enquanto os jovens se preparavam para aproveitar a animação, depois de um dia de passeios pelas ruas e escadas da ilha, nós, velhinhas, nos deliciamos com mais um concerto de órgão e flauta, na Katedrala da cidade. Vidar Hansen, organista norueguês e a flautista eslovena Hanan Hadžajlić nos deleitaram com peças de Mendelssohn, Bach e outros.
E como a música nos perseguia onde quer que estivéssemos, andando por Dubrovnik, encontramos duas manifestações dela pelas ruas e praças.

 Ivana Kujundžić
Foto: Ana Oliveira
Olha ela no Youtube:

                       

E mais uma simpática dupla na praça principal:


3. Itália

Pra terminar nossa viagem musical, tivemos um encontro com Domenico Modugno em Polignano a Mare.
Tá, gente, Domenico foi-se em 1994, mas vive ainda ali, naquela praça à beira mar com seu Volaaaaaare!!!!!!


É isso, como já dizia Nietzsche: "Sem música a vida não faria sentido." Nem as viagens...

segunda-feira, julho 13, 2015

La vie en rose


Deixar Fiumicino e aterrissar no Charles de Gaulle é algo assim como trocar a ruidosa rua 25 de março pela elegante Oscar Freire. Pelo menos, foi assim que nos sentimos naquela manhã, quase tarde, de segunda-feira.
Malas no guarda-volumes, lanchinho no Paul, pés no RER e na linha laranjinha do metrô e, voilà: Auberge Flora, em pleno 11º arrondissement de Paris.
Nosso quarto, de planta irregular, era bem aconchegante, apesar de pequeno. Novidade! Algum simples mortal já ficou num quarto enoooorme por lá?
O bom do hotel é que fica perto de várias estações do metrô e paradas de ônibus e a distâncias caminháveis para a Bastilha, a Place des Vosges, o Marais.

Aligot, no Ambassade d'Auvergne
Foto: Ana Oliveira

Tínhamos saído de casa com vários compromissos firmados para a estada em Paris. O calor deu uma trégua. Cumprimos todo o roteiro e ainda fizemos umas coisinhas mais.
Destrinchamos o Marais e redondezas, com direito a aligot e falafel.
Navegamos entre a Bastilha e o Parc de la Villette.
Nos deleitamos com Bonnard no D'Orsay e Velázquez no Grand Palais.
Fomos, enfim, conhecer os jardins de Monet, em Giverny.
Comemos crepe na feira da Richard Lenoir, a "nossa" rua, com a Mari Campos e a Martinha Andersen.
Visitamos a Maison Européenne de la Photographie (merci pour la suggestion, Gabi!).
E andamos, andamos, andamos. Ufa!

Ninféias

Foi assim que chegamos cansadas ao último hotel que nos esperava em Paris. Ops, esperava nada! Reservamos um quarto no Ibis Paris CDG Airport, bem no Terminal 3 do Charles de Gaulle, mas a reserva foi cancelada, ninguém sabe por quê. E o que seria um momento de relaxamento e descanso antes do embarque se transformou em stress. Brigamos muito, mas acabamos tendo tempo pra um banho e um tiquinho de repouso.
Foi bom, porque aquela "elegante Oscar Freire" estava mais pra "25 de Março", naquela noite. Terminal 2E abarrotado de viajantes do mundo inteiro. Inúmeros voos, para diferentes destinos, partiriam no mesmo horário. Filas imensas pra identificação e despacho de bagagens.
Vencemos!
Chegamos ao portão de embarque com tempo apenas para um xixi e já subimos a bordo para nossas poltronas na primeira fila: estreitas mas com bastante espaço pra esticar as pernas.
Onze horas depois, São Paulo.
E acabou-se o que era doce.

quarta-feira, julho 08, 2015

La bela Itália

O Dubrovnik, ferry croata que faz a linha Dubrovnik / Bari, nos deixou no Porto de Bari numa manhã de terça-feira, depois de dez horas de viagem.
Não! Não estávamos mortas de cansaço. Viajamos numa cabine com camas, banheiro, café da manhã e nenhum glamour.
Em Bari, tudo nos pareceu inóspito: o porto, o táxi que nos levou à estação de trens, o guarda-volumes da estação e a própria cara da cidade.
Mas nosso destino naquele dia era Alberobello. Bari seria tarefa apenas para o dia seguinte.



1. Alberobello 

A cidade dos trulli nos encantou logo de cara.
O trullo que havíamos reservado no Tipico Resort era encantador. Tínhamos um cômodo com cozinha completa, mesa e sofá. Um quarto confortável. Bons lençóis e toalhas. Decoração caprichada. 
Só não aprovamos o chuveiro, que tinha pouca água e temperatura oscilante, e o wi fi, com seus altos e baixos.
Ah, não sabe o que é trullo? Olha aí uma coleção deles:


São inteirinhos de pedra. Lindinhos com seus tetos cônicos que os cidadãos alberobellenses chamam de pozzo.
Mal nos acomodamos no nosso trullo, tomamos uma decisão: aumentar a estadia em Alberobello e cortar um dia em Bari. Ui!
Tomamos as providências. Reserva aqui, cancela ali. E fomos felizes dois dias entre os trulli e a lua quase cheia.


Andamos inúmeras vezes pelas mesmas poucas ruas da cidade. Tiramos muitos gigabytes de fotos. Compramos algumas lembrancinhas. Brincamos de casinha indo ao mercado pra comprar víveres e fazer festinha no trullo que chamávamos de nosso.
Foi boa a vida em Alberobello, mas Bari nos esperava.
Quinta-feira é dia de feira em Alberobello. Desfilamos com nossas malas por entre as barracas no caminho até a estação. E, durante esse trajeto, decidimos... abortar o plano Bari!

2. Polignano a Mare

Polignano a Mare, que estava nos nossos planos apenas como um passeio na manhã de sexta-feira, antes de embarcar no trem Bari/Roma, foi elevada à categoria de "destino". 
Ali mesmo, na estação de Alberobello, escolhemos nossa acomodação em Polignano a Mare.
Ficamos entre dois B&B no burgo antigo e decidimos pelo Casa Dorsi a partir das avaliações de clientes do Booking.
Foi uma boa escolha. Nossos aposentos se estendiam por três andares, pertinho do marzão azul e no mirante mais concorrido da cidade.
Olhaí o nosso reino empoleirado:

escada da entrada e varandinha
cozinha e mais escada
quartos
mais escada e varanda superior
escadaria completa

Polignano a Mare também foi esmiuçada pelas nossas lentes. Igrejas, cavernas, praias, lua cheia e principalmente o cidadão famoso: Domenico Modugno -
volare, ô ô, cantare, ô ô ô ô... - nada escapou dos nossos cliques.


Saímos de Polignano debaixo de um sol desanimador e tocamos para Bari.
Bari, de novo? Sim, mas só por um tempo curto. O suficiente pra tomar um lanchinho, resgatar as malas no bagageiro e embarcar para o próximo destino: Roma.

3. Roma

Viajar de trem no trecho Bari/Roma é para os fortes. A viagem é longa. Nada de glamour. Nada de conforto. Nem uma cafeteria, um carrinho de guloseimas... nada! E as tomadas do nosso vagão também não funcionavam.
Seis horas e meia depois, chegamos a Roma. Metrô parado. Eita, Roma!
Daí você chega no hotel quase meia-noite e estão te esperando com atenções, chocolate e flores! Não tem como não gostar.


A gente só pôs reparo em duas coisinhas do hotel: 
- faltou um armário, ou pelo menos uma prateleira, pra colocar roupas dobradas. Havia apenas uma arara com cabides;
- o café da manhã era servido num bar fora do hotel, onde o atendimento foi bem confuso.
Roma estava quentíssima, boa oportunidade pra conhecer e se apaixonar pelos sorvetes da Hedera. Descobrimos o lugar lendo um post no blog Turismo em Roma, fomos conferir e agora não podemos mais viver sem ele. Caso de amor à primeira lambida.


De dica em dica, fomos compondo nosso roteiro romano: a Marcie indicou a Giardino degli Aranci. A Anelise  escreveu sobre a Via Margutta e o Borgo Pio. Num cartaz, descobrimos uma exposição de Chagall...
E assim passamos três dias felizes na cidade eterna, apesar dos quase 40 graus que enfrentamos por lá.
Nossa partida foi semelhante à chegada, perrenguenta. O trem expresso pro aeroporto parou no meio do cominho e chegou com atraso ao destino. Fiumicino estava um caos. E o voo da Air France  para Paris saiu com atraso de mais de uma hora.
Ah, Roma, por que faz isso?

sexta-feira, julho 03, 2015

Croácia de norte a sul

Pé na estrada! 
Nossos dias na Croácia já terminaram. Percorremos o país de norte a sul e de leste a oeste. Parece exagero, mas foi quase isso. E ainda demos uma escapadinha para a Eslovênia e outra para a Bósnia e Herzegovina. Ufa!
Ao longo do caminho já contei quais foram as nossas estratégias para preparar a viagem e quais foram as nossas escolhas de hospedagem no primeiro país visitado, a Alemanha.
Vai agora um pouco do nosso roteiro pela Croácia, a partir dos hotéis que nos receberam nesse período.
Dessa vez, as escolhas não foram nossas. Foi a Freeway que preparou nosso vai-e-vem por lá.
Bora!

1. Zagreb

Chegamos à Capital da Croácia numa manhã de domingo. E não poderia ter sido melhor, é o dia em que tudo acontece por lá.
Domingo é dia de feira, dança e procissão na cidade. 


E do hotel até a praça central, palco de todos os acontecimentos, eram apenas alguns passos.
Zagreb nos encantou de cara!

2. Opatija

Depois de dois dias em Zagreb, começamos um tour de ônibus.
Com tempo meio fechado, passamos por Bled, na Croácia e Ljubljana, na Eslovênia, com direito a carimbo no passaporte.
Terminamos o dia na elegante cidade de Opatija, de volta à Croácia.

Foto: Ana Oliveira

O Astoria Hotel fica numa das pontas da praia de Opatija, mas como a orla não é tão longa, a caminhada pelo calçadão era fácil e agradabilíssima. 
Apesar de não estar exatamente na avenida beira-mar, o hotel fica num plano elevado e de lá se tem uma bela visão do azul do Adriático. 
Foram duas noites em Opatija e ficar num quarto com varandinha de frente pro mar fez toda a diferença.
No segundo dia, fomos conhecer a Istria, na pontinha norte da Croácia. Visitamos Pula e Motovun, com direito a anfiteatro romano na primeira e almoço com trufas na outra.

3. Plitvice

Mais uma viagem de ônibus, pilotado pelo belo Mario, cujas fotos já alimentaram muitas fantasias nas redes sociais, e chegamos aos Lagos de Plitvice.


Foi um dia de muitas belezas naturais, que terminou num simpático hotel, ao qual tivemos acesso por dentro do parque.
E, mesmo tendo caminhado mais de 10 km entre lagos e cachoeiras de água límpida, ainda tivemos pique pra curtir os jogos e o mini zoológico do Ethno Houses.
Ali só faltou mesmo um wi fi mais atuante. Mas, também, querer conexão boa dentro de um parque natural é demais, né?
É que vimos tantas maravilhas durante o dia que queríamos compartilhar tudinho com os amigos. 

4. Biograd 

No dia seguinte, voltamos ao litoral. Tudo começou muito bem. Passamos um dia agradável em Zadar. Andamos muito pela cidade, curtimos o som do famoso órgão do mar e ficamos tristes por não poder assistir ao também famoso show de luzes do pôr do sol.
Ninguém sabe explicar o porquê, mas nesse dia trocamos a agitação alegre e cosmopolita de Zadar pela monotonia de Biograd. :-(


O Ilirija Hotel tem a vantagem de estar de frente pro mar azulzinho, mas...  o jantar incluído na diária foi pobre e confuso, o wi fi só funciona nas áreas comuns e, pra completar, montaram um palco de música ao vivo bem embaixo da nossa janela.
Era noite de sexta-feira, nosso grupo se divertiu dançando. 
Para nossa sorte, a música acabou cedo e pudemos dormir tranquilas.

5. Split
Barco Prestige

Sábado, partimos para Split, cidade confusa, com porto repleto de barcos que saem em navegação pelas muitas ilhas da Dalmácia.

Foto: Paulo Vaccaro

Deixamos nossas malas num maleiro sui generis, percorremos a cidade de Diocleciano em todas as direções e embarcamos no Prestige, que partiria no dia seguinte para uma semana de mar&lhas.
Foi um passeio delicioso. Prometo contar tudinho nos próximos posts.
Foto: Paulo Vaccaro

5. Dubrovnik
Valamar Argosy Hotel

Na volta, Mario nos esperava com o micro ônibus para continuar nossa peregrinação por terra.
Foi um dia cheio: passamos por Trogir e depois cruzamos a fronteira para a Bósnia e Herzegovina, sem direito a carimbo no passaporte, dessa vez.
Fomos a Mostar e Medjugorje. Nossos pés percorreram caminhos árabes e católicos: uma antiga residência árabe, uma mesquita e o monte da aparição da Virgem. 
O sábado terminou em Dubrovnik.


Cansadas, fizemos nosso check in no Argosy e nem exploramos as instalações. Mas não deixamos de perceber que o tal resort anda meio caidinho, impressão que confirmamos nos dias seguintes.
O hotel fica a quilômetros do principal ponto de interesse da cidade: as muralhas. Pra chegar lá, ônibus de linha. :-(
A praia  de Copacabana, supostamente próxima do hotel, fica abaixo de uma barranqueira e não tem nenhuma graça.
Embora o hotel fique perto do mar, nosso quarto tinha vista e saída para um pátio interno, compartilhado com outros hóspedes.
Por ali, o que valeu, mesmo, foi uma indicação do nosso guia Tin: um caminho à beira-mar, uma espécie de Via dell'Amore croata, com belas vistas e recantos agradáveis à beira de um mar escarpado. Mas pra chegar a essa calçada tem de conhecer as quebradas. Só acertamos quando Tin nos acompanhou.
Aproveitamos a estada em Dubrovnik para conhecer Ston, que está a uma hora dali, com suas salinas  seculares e sua enorme muralha morro acima.
Cumpridas as visitas obrigatórias da cidade, cruzamos o Adriático num ferry da Jadrolinija, rumo à Itália.