domingo, março 26, 2017

Em Agra, de Taj em Taj

No Taj Mahal
Foto: Ana Oliveira

Acontece muito. Quando o assunto é turismo pela Índia, a primeira coisa que vem à lembrança é o Taj Mahal.

Antes mesmo de sair de casa pra ir perambular pela terra de Narendra Modi, ouvi vários: "Uau, você vai conhecer o Taj Mahal!"

E depois que voltei já tive de responder a muitos: "E o Taj Mahal, é lindo, não é?"

Então, o Taj é bonito, sim, mas não é a única maravilha que vimos por aquelas paragens! Nem é a maravilha das maravilhas...

Antes de me desacreditar, me jogar pedras ou ficar de mal de mim, dêem uma olhada nos relatos que já escrevi sobre a viagem (e nos que virão) e nas fotos que minhas companheiras e eu postamos nas redes sociais durante o trajeto.

Montagem com texto de Cecília Meireles e foto de Ana Oliveira

Bem, tenho que admitir que o dia em visitamos o Taj não foi dos melhores. Foi o único dia nublado de toda a viagem, exceto por a quele da chuvarada entre Délhi e Mandawa.

Fomos cedo para o mausoléu, debaixo de forte neblina. Cheguei a discutir com o guia sobre a escolha do horário. Será que mais tarde não seria melhor? Não houve negociação. Mas não teria adiantado, o tempo permaneceu enferrujado o dia todo.

Sabe aquelas lindas fotos tradicionais dos jardins com o palácio ao fundo? Então, as nossas ficaram assim:


Mais um pequeno desgosto: não é permitida a entrada com toys. Charlotte e Amélia foram barradas. Tiveram que ficar esperando do lado de fora.

Foto: Ana Oliveira

Já que o personagem principal  - o Taj - não se qualificava para ser a estrela das fotos, assumimos nós o papel de modelos. 

Foram muitos clics pelos jardins até chegar ao palácio propriamente  dito, incluindo algumas das famosas fotos-jacu.


Pra entrar no recinto, sapatilhas:


E então, o deslumbramento: mármore branco com entalhes em pedras semipreciosas das mais variadas cores e origens: lápis-lázuli, jade, cristais, safira, turquesa, ametista, âmbar, ágata. Tudo vindo de países como Afeganistão, China, Ceilão, Tibete, Irã, Iêmen. Um luxo!


Dizem que tudo reluz quando o sol ilumina os detalhes externos do palácio, mas isso não pudemos comprovar, já que o sol se recusou a dar as caras. Tivemos apenas uma tênue ideia sobre o fenômeno, que Ana registrou num momento fugidio.

Fotos: Ana Oliveira

Dentro do palácio, bem no centro, a tumba da imperatriz Aryumand Banu Begam, também conhecida como Mumtaz Mahal ("A jóia do palácio"), em honra de quem foi construído o monumento, após sua morte prematura, ao dar à luz o 14º filho do casal.

Mumtaz Mahal era a esposa favorita do imperador Shah Jahan, que vem a ser o neto do nosso velho conhecido de Fatehpur Sikri, Akbar. 

Profundamente entristecido com a morte da companheira, Shah Jahan a homenageou com o belo palácio.

Contam que o imperador queria construir, do outro lado do rio Yamuna, o seu próprio mausoléu. Seria uma réplica do primeiro, mas em mármore negro. Entretanto, foi impedido de realizar seus planos devido a desentendimentos com seu filho, que tomou o poder aproveitando-se de uma doença do pai. 

Doente e sem poder, Shah Jahan foi encarcerado no seu palácio no Forte de Agra, onde passou o resto dos seus dias contemplando, de longe, o Taj Mahal.

Torre no Forte de Agra, de onde supostamente Shah Jahan via o Taj Mahal a 2 km de distância
Foto: Ana Oliveira

Quando o imperador morreu, foi sepultado ao lado da esposa. 
Shah Jhan e Mumtaz Mahal repousam juntos, para sempre, sob a cúpula branca do belo Taj Mahal.

O túmulo do imperador ao lado esquerdo do túmulo de Mumtaz Mahal, em foto de Ana Oliveira

História de amor para  M. Delly nenhuma botar defeito, né gente?

O Taj Mahal foi declarado como Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO, em 1993. E em 2007 passou a figurar como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo.

Como não poderia deixar de ser, a visita ao monumento foi seguida de uma passagem por uma oficina de entalhe em mármore onde supostos descendentes diretos dos operários que trabalharam na construção do Taj realizam trabalhos semelhantes. Objetos bonitos e enormes, em peso e preços.


O Forte de Agra, cuja construção foi iniciada pelo mesmo Akbar, também fez parte de nossos passeios do dia. Protegido por fortes muros e por um largo fosso, seus pátios, torres e palácios luxuosos construídos de arenito vermelho e mármore branco são notáveis. Percorremos tudo, parando aqui e ali para fotos e mais fotos.

Foto: Ana Oliveira

Foto: Ana Oliveira

Foto: Ana Oliveira

Foto: Ana Oliveira

Detalhes do palácio de uma das esposas do imperador

O Forte também é considerado Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO.

Para encerrar o circuito dos monumentos de Agra, fomos ao Baby Taj, apelido carinhoso dado ao pequeno e belo mausoléu cuja construção é anterior à do Taj Mahal.

Foto: Ana Oliveira

O Itimad-Ud-Daulah foi construído entre 1622 e 1628, pela imperatriz Nurjahan (mulher do imperador Jahangir, pai de Shah Jhan) em memória ao seu pai Mirza Ghiyas Beg e sua mãe Asmat Begum e serviu de inspiração para a construção do grandioso Taj Mahal.

Foto: Ana Oliveira

Agora podem atirar aquelas pedras que vocês guardaram no começo do post: gostei mais do Itimad-Ud-Daulah do que do famosão!

O Baby Taj foi o primeiro monumento construído em mármore branco na Índia e tem belos adornos em marcheteria de pedras coloridas. Prato cheio pra mais uma longa série de fotos:

Parte da fachada do Baby Taj.
Foto: Ana Oliveira

De dentro pra fora, usando o desenho do cobogó.
Foto: Ana Oliveira

Jardins do Baby Taj

Ornamentos no Baby Taj

Nesse dia, almoçamos no Golden Street Restaurant, que, em sua receita, leva espinafre e as famosas especiarias indianas que nos acompanhavam desde a chegada ao país. Querem saber? Cominho é bom, mas em pequenas doses.

Palak paneer bem gostosinho, apesar do cominho...
Foto: Ana Oliveira

Por fim, retornamos ao Jaypee Palace Hotel para curtir o pôr do sol nos seus imensos e urbanos jardins.


Assim terminou o nosso primeiro dia de passeios pós-Ajay, entregues à direção de um motorista de cujo nome nem nos lembramos e que só ficou na nossa recordação por ter se atrasado no dia seguinte ao nos pegar no hotel para nos levar à estação de trem e ainda deu uma paradinha num posto para abastecer o veículo. Pode?

Olhaí a gente esperando o motorista folgado

2 comentários:

  1. Tive a sorte de ver o "famosão", num dia de sol, há trinta anos, mas não sabia do triste destino do seu idealizador, Shah Jahan :doente, sem poder e encarcerado no Forte de Agra, a dois quilômetros do Taj Mahal. O Baby Taj, também, não conheci. Muito bonito! Compensou plenamente a cerração do Taj. Aguardo o próximo capítulo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ô sorte!
      Uma beleza o Baby Taj e nada daquela gentarada do "famosão". Tudo bem tranquilo por lá.
      Novos capítulos estão por vir. Aguarde!

      Excluir